O ano de 2016 não foi fácil no mundo inteiro, especialmente quando falamos das comunidades negras. No Brasil, a mortalidade de juventude negra continua batendo recordes. Além das medidas tomadas pelo governo golpista que atingem frontalmente a população negra, por estarmos nas posições mais frágeis no Brasil. Nos Estados Unidos, o assassinato dos negros gerou uma onda de mobilizações que rodou o mundo. A eleição de Dolnnald Trump também parece ser um forte indicio de que a situação de negros e latinos deve piorar por lá.
Mas, se falamos de opressão, falamos de resistência. E quando falamos de resistência falamos das mulheres negras que estão sempre demonstrando sua força pelo mundo todo.
Nesta postagem, que foi inspirada em um vídeo da página do Facebook do AfroPunk, trazemos 10 momentos simbólicos em que as mulheres negras desafiaram a supremacia branca em 2016. São momentos que aconteceram fora do Brasil, mas que são inspiradores e mostram que nunca aceitamos e nem aceitaremos o massacre do povo negro em nenhum lugar do mundo.
Inspirem-se!
Vidas negras importam!
1. Ieschia Evans sem medo de ser presa pela polícia de Baton Rouge, julho de 2016
Ieshia Evans é uma jovem enfermeira de 35 anos, mãe de um filho e moradora de Nova York. Ela viajou até Lousiana para participar do protesto contra o racismo da polícia norte-americana que vitimou Alton Sterling. Durante o protesto, ela desafiou calmamente, a polícia que estava fortemente armada. Esta foto rodou o mundo, demonstrando a coragem das mulheres negras durante os protestos.
Segundo o New York Daily News, Evans passou a noite de sábado na prisão - segundo as autoridades, mais de 100 pessoas foram presas.
2. Tess Asplund se levantou fortemente contra a violência e supremacia branca do Movimento Nórdico de Resistência na Suécia, maio de 2016
Tess Asplund é uma ativista negra de 42 anos e enfrentou bravamente uma marcha organizada pelo Movimento de Resistência Nórdica (NRM) que é conhecida pelos seus ideias neonazistas, na cidade sueca de Borlänge.
De punho cerrado e peito aberto, a ativista de 42 anos foi de encontro à manifestação organizada pelo Movimento de Resistência Nórdica (NRM), que seguia por uma das principais vias do município sueco Borlänge.
3. Aschley Williams confrontou Hillary Clinton "Eu não sou super-predadora", fevereiro 2016
Durante um evento de angariação de fundos em Charleston, na Carolina do Sul, a ativista Ashley Williams, da Black Lives Matter, fez um cartaz citando comentários da candidata presidencial Hillary Clinton feitos em 1996, quando ela incentivou a aprovação de leis que aumentam o encarceramento maciço, dizendo que os jovens negros eram "super-predadores"
Ashley foi taxativa e lacradora: "Eu não sou uma 'super-predadora', Hillary Clinton. Você pode se desculpar com os negros pelo encarceramento em massa?"
4. Simone Biles e a equipe norte americana de ginástica que foram treinadas por "imigrantes ilegais"
Simone Biles é um fenômeno nunca antes visto no mundo da ginástica. Ela foi a primeira ginasta em seu gênero a ganhar três Campeonatos Mundiais consecutivos no individual geral, a primeira afro-americana a obter um título nessa prova. Em 2016, ela subiu ao pódio 5 vezes nas Olimpíadas do Rio de Janeiro com 4 medalhas de ouro e uma de bronze.
Além do talento de destaque, Biles contou com o treinamento do casal romeno Bela e Marta Karolyi, que também treinaram Nadia Comaneci. Em tempos de eleição de Donald Trump, ver como atleta mais importante do EUA negra e ainda mais treinada por imigrantes é grande tapa na cara da sociedade.
5. Angela Davis lança o livro "Freedom is a constant struggle" sobre a violência racial institucionalizada, fevereiro de 2016
Neste livro, ainda sem versão no português, Angela Davis aborda a violência racial na história ao redor do mundo e seus movimentos de resistência.
No Brasil, em 2016, tivemos o famoso livro da mesma autora publicado: Mulheres, Raça e Classe. O livro tem o prefácio de ninguém menos que Djamila Ribeiro, e é um clássico da ativista negra norte-americana sendo publicado pela primeira vez no Brasil.
6. Lançamento de 13ª emenda, por Ava DuVenay
O documentário da NetFlix foi lançado em outubro de 2016 e é grande favorito na categoria documentário do Oscar 2017.
Ava DuVenay, mesma diretora de Selma (2014), escreve, produz e dirige o documentário que leva o nome da décima terceira alteração na Constituição dos Estados Unidos, a qual, segundo o filme, foi uma alternativa de manter trabalhos braçais mesmo após a abolição da escravidão, com o processo de encarceramento em massa.
7. Julissa Ferreras-Copeland e seu projeto de distribuição de coletores menstruai, março de 2016
A vereadora Julissa Ferreras-Copeland lançou um projeto de distribuição gratuita de coletores menstruais nas escolas públicas, presídios e abrigos na cidade de Nova York. Além de prestar assistência às mulheres mais pobres o projeto visa combater os tabus que ainda envolvem a menstruação.
8. Leah Penniman e seus projetos de soberania alimentar
Leah é uma agricultora norte americana que desenvolve projetos educacionais para eliminar o que ela chama de "apartheid alimentar". Ela também é educadora na área de biologia e ciência ambiental em tempo integral. Isso permite que ela trabalhe no que ama - conectando os jovens ao mundo natural - e traz renda extra para sustentar a fazenda que é base do trabalho que ela desenvolve com jovens negros e latinos, oferecendo uma alternativa ao encarceramento e pauperização. Penniman acredita que a aprendizagem sobre o manejo da terra e a produção de alimentos ato suficiente é uma forma de redistribuição de riqueza. Isso sim é poder!
9. Entrevista de Chimamanda Ngosi Adichie, novembro de 2016
A autora foi convidada para discutir a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, com R. Emmet Tyrell, editor-chefe da American Spectator. Eles protagonizaram uma discussão sobre lugar de fala ao vivo na BBC Newsnight.
Ao ser contrariado, Tyrell tentou deslegitimar a fala de Chimamanda, para encerrar o assunto, a autora ainda tentou, mais uma vez, explicar ao editor o que era lugar de fala: “Não, você não senta aqui e diz que ele não é racista. Objetivamente falando, Donald Trump é racista. Isso não é sobre a sua opinião é sobre um fato”, disse. Bateção de cabelo puro, né?
10. Nascimento do Backing Black Business, a partir do Movimento Black Lives Matter, pelas mãos de Alicia Garza, Opal Tometi e Patrisse Cullors
O movimento "Black Lives Matter" foi fundado por três ativistas negras: Alicia Garza, diretora da National Domestic Workers Alliance (Aliança nacional de trabalhadoras domésticas), Patrisse Cullors, diretora da Coalition to End Sheriff Violence in Los Angeles (Coligação contra a violência policial em Los Angeles) e Opal Tometi, ativista pelos direitos dos imigrantes.
O grupo tem ações desde 2014 e este ano teve importante atuação nas mobilizações contra a violência da policia norte americana.
Em 2016, o grupo ampliou suas ações com a criação de uma iniciativa de valorização dos negócios empreendidos por negros e negras nos Estados Unidos da América: Backing Black Business. Fortalecer o comércio entre nós é uma grande forma de valorizar o afro-empreendedorismo.
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Estamos preparando um post sobre momentos importantes que as mulheres negras desafiaram a supremacia branca no Brasil.
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