THE CARTERS E APESHIT: AS MENSAGENS DIGNAS DE FECHAR O LOUVRE



Um dos assuntos da semana é o lançamento do novo disco de Beyoncé, no dia 16/06. Desta vez, ela lança um disco em parceria com seu companheiro, desde 2002, o rapper Jay-Z. Para o lançamento do álbum o casal se intitula "The Carters", que é o sobrenome de Jay-Z. Além do álbum, eles também divulgaram o clipe da música Apeshit, gravado apenas no Museu do Louvre, em Paris.


O clipe é uma sequência de beleza protagonizada não apenas pelos Carters, mas também por algumas obras de arte, um mundo de dançarinos e figurinos de tirar o fôlego. Mas, é muito mais que isso. É um tapa na cara nos padrões eurocêntricos de arte. A ideia do clipe, ao levar a música negra para o Museu mais famoso do mundo, é questionar a ausência da arte produzida por negros em premiações e exibições de arte. O recado fica bem explícito quando Jay-Z diz ao Superbowl e o Grammy que não precisa deles. É sempre bom lembrar que a Beyoncé é a mulher mais premiada no Grammy, MAS apenas 2 dos seus 20 prêmios foram em categorias gerais, aquelas não ligadas ao Hip Hop e ao R&B. Ou seja, a arte negra só é valorizada como arte negra, não como arte universal. Para completar o close, os Carters se colocam a frente da obra Monalisa, de Leonardo da Vinci para mostrar que estão no mesmo nível de importância do quadro. O Spartakus Santiago fez um vídeo incrível falando sobre o clipe. Vale a pena conferir, neste link.


Esta não é a primeira vez que Bey lança um álbum de surpresa. Em 2013, o álbum Beyoncé e em 2016, Lemonade, foram lançados da mesma forma. Lemonade foi um sucesso que até hoje a gente ainda não se recuperou. O álbum lançado esta semana é intitulado Everything is Love, tem 9 faixas e está disponível no TIDAL, plataforma stream  de Jay-Z. 

Como todo trabalho de Beyoncé, principalmente a partir de Lemonade (2016) a polêmica já está lançada. O debate sobre o tipo de poder para os negros que a cantora defende é sempre controverso. No clipe, por exemplo, o casal usa algumas das maiores grifes do mundo no figurino: Burberry, Versace, Peter Pilotto. Em Lemonade (2016) ela foi bastante criticada por "cultuar" o uso de marcas de alta costura como referência de poder. Ao mesmo tempo, Bey nunca se vendeu como alguém que milita questionando o poder econômico. Assim como qualquer pessoa branca, ela tem o direito de usar seu dinheiro como símbolo de poder. Mas, diferente de Beyoncé, os artistas brancos não são cobrados. É como se todos os atos de todas as pessoas pretas tivessem que passar pelo crivo de racistas que só caçam posicionamento politico quando é uma pessoa negra que se posiciona publicamente. 


Polêmicas a parte, o que a gente espera é que Everything is Love seja tão incrível quanto Lemonade, afinal é uma obra digna de fechar o Louvre, né, meu amor!?