TIFANNY ABREU É UMA MULHER: transfobia de Bernardinho é retrato de ódio


No dia 27 de março de 2019, o treinador da equipe de vôlei Sesc-RJ, Bernardinho, ao perder para o Sesi-Bauru, pelas quartas de final da Superliga Feminina de Vôlei, declarou: “Um homem, é foda!”. Ele se referia a uma das jogadoras da equipe adversária: Tifanny Abreu, que é uma mulher transexual. 



Como homem branco, rico, ele não sabe perder e, assim que pode, usa seus privilégios para oprimir. Horas depois, o treinador transfóbico pediu desculpas. Afinal, depois que inventaram as desculpas não existe mais culpado.

Ele foi transfóbico com Tifanny e machista com as outras jogadoras, tanto de sua equipe e quanto da equipe adversária ao afirmar que em um jogo de mulheres só foi decidido devido à presença de um “homem” no jogo.

Mas, o ataque de Bernardinho gerou uma nova onda de ataques transfóbicos a Tiffany. 

Ataques movidos a ódio e desinformação. Mas, se você acha que Bernardinho pode ter razão, dá uma olhada em algumas informações aqui:

1. Tifanny é uma mulher. O ser humano não se resume às suas características físicas. Somos muito mais complexos para ter nossa identidade de gênero apenas por fatores biológicos. Estudos do campo do desenvolvimento humano - tanto do ponto de vista filosófico, quanto biológicos - já provam que a influência da biologia é insignificante para o ser humano na sociedade moderna. 

2. Tifanny é uma mulher. Mesmo do ponto de vista biológico, Tifanny tem níveis de testosterona ( principal hormônio sexual masculino, presente no organismo feminino em quantidades menores) mais baixos do que os níveis de algumas jogadoras cisgêneros (pessoa em que a identidade de gênero corresponde ao gênero que lhe foi atribuído ao nascer). O rendimento técnico de Tifanny também não é fora do padrão feminino. 

3. Tifanny é uma mulher. Socialmente, e depois da transição, também biologicamente, Tifanny sofre com o machismo e com todos as desvantagens de ser mulher e ainda tem que lidar com a transfobia. Segundo estudos, Tifanny ainda tem que administrar as dificuldades do tratamento cirúrgico e hormonal. Sua carreira deve ser ainda mais curta do que de outras jogadoras por esses motivos.

4. Para a ciência, Tifanny é uma mulher. Nenhum estudo científico realizado até então comprova qualquer vantagem de mulheres transexuais em esportes de alto nível. No gráfico abaixo, vemos resultados de um estudo com mulheres transexuais em que foi descoberto que seus tempos de corrida diminuíram após a transição de gênero. Em comparação com os melhores corredores do mesmo sexo e idade, o que sugere que mulheres transgêneras não têm vantagem sobre mulheres cisgêneras.


5. Para os organizadores das provas internacionais de vôlei Tifanny é uma mulher. Tifanny cumpre todos os requisitos exigidos pelo COI e pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB). São requisitos baseados em estudos científicos realizados no mundo todo: as atletas precisam declarar-se mulheres (terem esse reconhecimento civil), o que não pode mudar num período de quatro anos; devem comprovar que estavam com níveis de testosterona inferiores a 10nmol/L nos 12 meses anteriores à estreia; precisam manter esse nível enquanto competirem.


Ou seja, a afirmação do Bernardinho é baseada em seu ódio e preconceito contra mulheres, em geral, e transexuais, em especial. 

Aqui na Central das Divas, não compactuamos com nenhuma forma de opressão. Para nós, as mulheres transexuais têm direito à uma vida digna. 

Toda força à Tifanny Abreu!







Para quem quiser ler mais sobre a Tifanny Abreu, seguem algumas reportagens e estudos científicos:

Resumo de estudos sobre transgêneros e esporte de alto rendimento



Achou ruim? Primeira mulher trans no vôlei feminino brasileiro, Tifanny reforça direito de jogar entre choro e desabafo.



Um pouco mais sobre o grupo da Unidade de Endocrinologia do Desenvolvimento do Hospital das Clínicas da USP, referência em estudos na área de endocrinologia.



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