Elza Soares: a mulher do fim do mundo (23/31)


Continuamos nossas homenagens às pretas que nos inspiram no nosso #julhodaspretas e vamos descobrindo tanto detalhe da vida dessas maravilhosas que até emociona. No dia 23 do #julhodaspretas, vamos homenagear a cantora Elza Soares. Uma história muito sofrida está por trás dessa voz poderosa.

Elza da Conceição Soares é o nome de nascença da diva. Ela é carioca nascida em 1930. Teve uma infância muito pobre e aos treze anos de idade seu pai a obrigou a parar de estudar. Acabou se casando aos 14 anos e tendo seu primeiro filho na mesma idade. Em sua primeira apresentação artística, foi vítima de chacota e preconceito por sua aparência. No programa de Ary Barroso na Rádio Tupi, onde fez sua primeira apresentação ao vivo no auditório da emissora, o apresentador pergunta ironicamente: "De que planeta você veio?", ao que Elza respondeu: "Vim do mesmo planeta que o senhor". "E posso saber de que planeta eu sou?". "Do Planeta Fome". Ainda assim, Elza se destacou e recebeu as melhores notas.


Aos quinze anos de idade outro filho seu faleceu. Ela passou a trabalhar como encaixotadora e conferente em uma fábrica de sabão para sustentar a família enquanto o marido se recuperava de tuberculose. Aos 21 anos e 5 filhos, Elza ficou viúva. Começou a trabalhar como faxineira e empregada doméstica, profissões que exerceu por muitos anos. 

Aos 32 anos, com uma carreira consolidada conhece o jogador de futebol Garrincha. Em inicio de carreira, foi vítima de machismo. O fato de ele ser desquitado e ela com 5 filhos, geraram ataques da sociedade contra ela. Elza era xingada, ameaçada de morte, sua casa era alvejada por ovos e tomates. Ela era acusada de ser pivô do fim do casamento de Garrincha. Elza e Garrincha foram casados por 16 anos, de 1968 a 1982. Foi um casamento conturbado pelo ciúme e alcoolismo de Garrincha. Durante o tempo em que estiveram juntos, ela rodava os bares pedindo para ninguém dar bebida alcoólica ao marido. 

Mesmo com tantas histórias difíceis, Elza constrói uma carreira brilhante. Nos anos 70, Elza realizou uma turnê pelos Estados Unidos e Europa. Em 2000, foi premiada como "Melhor Cantora do Milênio" pela BBC em Londres.

O álbum Do Cóccix até o Pescoço garantiu-lhe uma indicação ao Grammy, em 2002. Em 2007, nos Jogos Pan-americanos do Brasil, Elza interpretou o Hino Nacional Brasileiro, no início da cerimônia de abertura do evento, no Maracanã. No mesmo ano, lançou o álbum Beba-me, onde gravou as músicas que marcaram sua carreira.

Em 2014, estreia o show A Voz e a Máquina, estando no palco apenas pelos DJs Ricardo Muralha, Bruno Queiroz e Guilherme Marques. No ano de 2015, Elza Soares lançou o seu disco A Mulher do Fim do Mundo, primeiro álbum em sua carreira só com músicas inéditas. Este ábum é premiado diversas vezes. Em 2015, vence o prêmio de melhor álbum no Troféu APCA. Em 2016, ganha como melhor álbum o Prêmio da Música Brasileira, o Prêmio Multishow de Música Brasileira e o Grammy Latino. Ela venceu também como melhor música - "Maria da Vila Matilde" - os mesmos prêmios. 

Aos 87 anos, apesar de já ter sua saúde debilitada, Elza Soares mostra que ainda tem muito a contribuir com a arte. 



VIVA ELZA SOARES

VIVA AS MULHERES NEGRAS!



No mês de julho vamos celebrar, conhecer, homenagear 31 mulheres no mês de julho! Sabemos que ainda é pouco, mas será um prazer rever a vida de algumas das nossas inspirações! Billie Holliday, Carolina Maria de Jesus, Elza Soares, Ella Fitzgerald, Chimamanda Ngozi Adichie, Sueli Carneiro, Taiye Selasi, Luiza Bairros... São tantas pretas maravilhosas que iremos homenagear! Não perca!!

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