Victoria Santa Cruz: gritaram-me negra! (26/31)

No dia 26 dos 31 dias do nosso #julhodaspretas vamos homenagear a poeta, coreografa, folclorista e estilista peruana Victoria Santa Cruz


Certamente você já deve ter lido ou ouvido seu mais famoso poema e não sabe muita coisa sobre sua vida. "Gritaram-me negra" viralizou na internet este ano mas, não sabemos muita coisa sobre sua autora. Mas, para nós, é fundamental aumentar a visibilidade de quem protagoniza as milhões de produções que chagam até nós. Nossa tarefa é ajudar a tirar as mulheres negras da invisibilidade, dar rosto e vida a elas e às suas ações, como dissemos no texto do dia 25/07.

Se você ainda não viu o vídeo, veja. Vale a pena!




No vídeo, a própria, Victoria Eugenia Santa Cruz Gamarra declama seu poema, com sua voz forte e marcante. Ela faz relata sua própria experiência com racismo, vivida com apenas 7 anos em um grupo de amigos que a expulsaram simplesmente por ser negra.Este fato marca sua reflexão sobre o racismo e que a fizeram entender desde muito cedo as condições que as pessoas negras são submetidas. 

Victoria nasceu em 1922, na cidade de La Vitoria, província de Lima, Peru.Desde criança a arte e a cultura afro-peruana a rodeava. Nicomedes Santa Cruz Aparicio, se pai, foi um importante dramaturgo e poeta, e sua mãe, Victoria Gamarra, foi bailarina de marinera (dança típica do Peru que une raízes culturais indígenas, africanas e espanholas) e filha de um famoso ator.

Victoria cria o grupo Cumanana juntamente com seu irmão mais novo, o também poeta, pesquisador e jornalista Nicomedes Santa Cruz Gamarra. O grupo se torna um dos primeiros grupos teatrais inteiramente integrado por negros . O objetivo era difundir as diversas vertentes da cultura afro-peruana. Foram lançados alguns discos contando a história dos afro-peruanos e de suas manifestações artísticas.

A artista tem a possibilidade de viajar a Paris para estudar na Universidade de Teatro das Nações e Escola Superior de Estudos Coreográficos. Durante seus estudos, a Victoria se destaca como figurinista, trabalhando em obras como “El retablo de Don Cristóbal”, de García Lorca e em “La Rosa de Papel”, de Ramón Del Valle Inclán.

Ao retornar para o Peru, ela funda a “Companhia Teatro e Danças Negras do Peru” que se apresenta nos melhores teatros e na televisão, chegando inclusive a representar seu país nos Jogos Olímpicos do México em 1968. Em 1970, ela recebe o prêmio de melhor folclorista no primeiro Festival e Seminário Latino-americano de TV, organizado pela Universidade Católica do Chile.

Victoria ainda faz uma turnê mundial com sua companhia, especialmente nos tempos em que era diretora do Conjunto Nacional de Folclore do Instituto Nacional da Cultura. Victoria chegou a fazer turnês pelos Estados Unidos, El Salvador, França, Bélgica, Suíça, entre outros países. 

Victoria Santa Cruz torna-se professora na requisitada Universidade Carnegie Mellon, Pensilvânia, nos Estados Unidos. Inicialmente, ela é convidada a lecionar nesta universidade, mas anos depois torna-se professora vitalícia.

Em 2014, a artista morre aos 91 anos, deixando um importante legado cultural e político. Foi porta voz da dor e da resistência das mulheres negras latino americanas.


VIVA VICTORIA SANTA CRUZ!
VIVA AS MULHERES NEGRAS!




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