No dia 27 dos 31 em que estamos resgatando a história das mulheres negras em comemoração ao #julhodaspretas, vamos falar de Laudelina de Campos Melo. Ela foi uma importante ativista sindical e trabalhadora doméstica que lutou incessantemente pela garantia dos direitos das empregadas domésticas no Brasil. Sabe-se que sua trajetória foi marcada pela luta contra o preconceito racial, misoginia e exploração da classe trabalhadora. É importante reconhecer sua luta em função da regulamentação do emprego doméstico como fundadora do Sindicato das empregadas domésticas.
Laudelina nasceu em 12 de outubro de 1904, em Poços de Caldas, Minas Gerais. Já aos sete anos de idade começou a trabalhar como empregada doméstica. Com apenas 16 anos iniciou sua atuação em organizações de cunho cultural, sendo eleita presidenta do Clube 13 de Maio, que era uma agremiação que promovia atividades recreativas e políticas entre os negros de sua cidade.
Laudelina mudou-se para São Paulo aos 18 anos, onde se casou, mudando-se para Santos em 1924. Participou junto com seu marido da agremiação Saudade de Campinas, grupo cultural negro de Santos. Depois de se separar do marido (1938), e já com seus dois filhos, ela começa a atuar de forma mais incisiva em movimentos populares. Em 1936, ela se filia ao Partido Comunista Brasileiro, em 1936. Ainda em 1936, fundou a primeira Associação de Trabalhadores Domésticos do país, em Campinas. Fechada durante o Estado Novo, e voltando a funcionar em 1946. Ela teve uma importante atuação na na fundação da Frente Negra Brasileira, militando na maior associação da história do movimento negro, que chegou a ter 30 mil filiados ao longo da década de 1930.
Em 1955, Laudelina mudou-se para Campinas onde ela participa de atividades do movimento negro além de atividades culturais e sociais, especialmente com o Teatro Experimental do Negro (TEN). Este grupo tinha uma atuação no sentido de fortalecer a autoestima e a confiança da juventude negra, através da formação de grupos de teatro e dança. Criou uma escola de música e de balé na cidade. Laudelina trabalhou como empregada doméstica até 1954, quando abriu seu próprio negócio, uma pensão, e passou a vender também salgados nos dois campos de futebol da cidade (Guarani e Ponte Preta). A partir de então, ela se dedicou integralmente à militância sindical e cultural, inclusive promovendo, em 1957, um baile de debutantes (Baile Pérola Negra) para jovens negras, no Teatro Municipal de Campinas.
Fundou, com o apoio do Sindicato da Construção Civil do município de Campinas, o sindicato/associação das domésticas em Campinas. À frente da associação, apoiou dois tipos de ações: um voltado para alfabetização, pois considerava que seria o primeiro passo para conscientização e entendimento da legislação trabalhista e consequentemente reivindicação dos direitos da classe; e atividades que tinham como objetivo estimular a solidariedade entre as trabalhadoras.
Laudelina ajudou na fundação de outras associações da categoria como a do Rio de Janeiro e o de São Paulo. A militância sindical não a fez deixar de lado as demandas sociais, sempre participando dos movimentos negros e feministas. Mesmo durante a ditadura civil militar (1964-1985), ela não deixa de atuar nos movimentos sociais, passando a atuar no interior da igreja progressista, nas comunidades eclesiais de base. Entre 1968 e 1979, as atividades da associação de Campinas ficaram paralisadas. Mesmo assim, seguiu em defesa das domésticas e virou uma referência nacional na batalha pela regulamentação dos direitos das trabalhadoras domésticas. A atuação de Laudelina foi fundamental na década de 1970 para a categoria conquistar o direito à Carteira de Trabalho e à Previdência Social. Em 1982, ela auxiliou a reestruturação da associação de Campinas, possibilitando a transformação da associação em sindicato, em 20 de novembro de 1988.
Laudelina faleceu em 12 de maio de 1991 em Campinas, deixando sua casa para o sindicato de Campinas.
Segundo a Professora Dr.ª Elisabete Aparecida Pinto, no livro “ETNICIDADE, GÊNERO E EDUCAÇÃO: Trajetória de vida de Laudelina de Campos Mello”, Laudelina se reivindicava feminista por sua atuação e posicionamentos junto às domésticas. Muito orgulho da existência de uma mulher como Laudelina.
VIVA LAUDELINA DE CAMPOS!
VIVA AS MULHERES NEGRAS!
VIVA AS MULHERES NEGRAS!
No mês de julho vamos celebrar, conhecer, homenagear 31 mulheres no mês de julho! Sabemos que ainda é pouco, mas será um prazer rever a vida de algumas das nossas inspirações! Billie Holliday, Carolina Maria de Jesus, Elza Soares, Ella Fitzgerald, Chimamanda Ngozi Adichie, Sueli Carneiro, Taiye Selasi, Luiza Bairros... São tantas pretas maravilhosas que iremos homenagear! Não perca!!
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